terça-feira, 27 de outubro de 2009

33ª MOSTRA - Paisagem na Neblina


Aproveitando a retrospectiva de Theo Angelopoulos, fui ver Paisagem na Neblina, tido como um dos melhores filmes de sua filmografia. Como não conhecia nada além do curta-metragem Trois Minutes (já exibido no nosso Cineclube dentro da coletânea Cada um Com seu Cinema) não pude perder a oportunidade.
Dessa vez cheguei cedo ao Cine Bombril (tanto que tive que esperar 30 minutos pra bilheteria voltar do almoço) e pude pegar um bom lugar nas confortáveis e amplas poltronas do cinema (que embora estivesse longe de estar cheio tinha mais do que as 50 pessoas que eu achei que teria). O longa, mais uma vez, tinha legendas em inglês e uma sub-legenda em português, o som também era chiado mas por culpa da idade da película (21 anos pelas minhas contas)

Com pouco mais de 2 horas de duração, o longa conta a história de uma garotinha e seu irmão mais novo que fogem de casa para procurar o pai que nunca conheceram na Alemanha. Mal sabem que não só o pai não está na Alemanha como que eles não são filhos do mesmo homem. Começam sua jornada pegando um trem sem passagens, são detidos pela polícia, conhecem um ator de uma trupe de fracassados, pegam carona com um caminhoneiro (que estupra a garotinha numa cena não mostrada das mais fortes em sua ausência de imagens e sons) e por fim reencontram o ator que os ajuda a chegarem na Alemanha.
Angelopoulos tem uma narrativa que não se tornou usual aos dias de hoje. O tempo de seus filmes (que em geral são longos) é lento, mas não chega ao contemplativismo de um Tarkovski ou um Herzog. Paisagem na Neblina é um filme de ausência, assim como as obras de Krzysztof Kieslowski (aliás com uma fotografia que lembra sua fase polonesa). O tempo não é estendido na medida da ação como o cinema convencional, nem a ação é estendida pelo tempo como em Tarkovski e Herzog, mas o tempo é estendido para além da ação. Não são raros os momentos em que a câmera continua filmando depois de algo ter sido feito ou dito, a câmera capta mais que ações e palavras, a câmera capta reações (ou até a falta delas).
Não vou mentir, Paisagem na Neblina é um filme cansativo, principalmente para os padrões de hoje, mas é maravilhoso. O final, absolutamente lírico, oferece pelo menos duas interpretações, é claro que uma (a mais triste) é mais passível de ser a "oficial" (pretendida pelo autor).
Quando ia saindo do cinema pesquei um comentário de uma moça que disse "o filme poderia ter acabado em vários momentos que ia dar no mesmo", creio que nem ela observou o final absurdamente poético nem "sentiu" o filme (termo horrível, sinto-me quase um estudante da Faap).

Cotação do Filme: Muito Bom! (* * * *)

Para quem ficou curioso, será exibido novamente dia 29/10 às 14h na Matilha Cultural

Um comentário:

  1. tambem estive nesta secao.

    concordo com voce em genero, numero e grau.

    o filme e lindissimo. a cena do estupro e uma das mais fortes que ja vi no cinema. nao conhecia nenhum filme do diretor e agora estou curiosa para conhecer o resto da obra. paisagem na neblina foi para minha lista de filmes preferidos junto com stalker e solaris (a versao antiga, de tarkovski, por favor!).

    manu

    ResponderExcluir