segunda-feira, 26 de outubro de 2009

33ª MOSTRA - O Banquete

Comecei tarde minha peregrinação à 33ª Mostra de Cinema de São Paulo, como no sábado preferi ver Inglourious Bastards (muito bom por sinal) somente hoje pude ver alguma coisa. Pois bem, o escolhido foi O Banquete, filme sueco de 1948 do diretor Hasse Ekman exibido na Sala BNDES da Cinemateca Brasileira.
Só consegui chegar à Cinemateca às 14h15 (15 minutos antes da sessão) e deparei-me com uma enorme fila, logo pensei "merda". Peguei a outra grande (porém menor) fila da bilheteria (e aí vai o primeiro ponto negativo: uma pessoa pra atender todo mundo não tem como dar certo!). Durante os 20 minutos de fila eu descobri que a fila gigantesca que eu vira era para o filme francês 35 Doses de Rum de Claire Denis, um daqueles filmes inexplicavelmente cults que toda a galera in quer assistir (que nessa Mostra o maior exemplo parece ser 500 Dias com Ela). Fiquei feliz por ter um gosto antiquado, enquanto todos se degladeavam para ver a novidade (nem tão nova já que é de 2008) francesa eu era um dos únicos que esperavam ver o sueco.
Ingresso comprado, a sala estava praticamente vazia: umas 50 pessoas das quais 20 deviam ter ido simplesmente porque o ingresso para o outro acabara.
Vamos ao filme.
Confesso que com excessão de dois filmes, as únicas obras suecas que eu havia visto eram do Bergman (um dos meus cineastas favoritos), tinha portanto enorme curiosidade. Quando a película começou a rodar o segundo ponto negativo: fora de foco, janela do projetor errada, ainda bem que filmes desse período têm longos créditos e até arrumarem tudo o filme ainda não havia começado de fato. E quando começou, surpresa: a copia exibida era legendada em inglês, mas a Cinemateca conta com uma espécie de mini-telão onde exibiu as legendas em português (que ora falhavam ora não diferenciavam "e" de "é").

O filme em si é muito bom. Não chegando aos pés das principais obras de Bergman (e quem chega?) a narrativa de Ekman era clássica, senti-me vendo uma mistura de Jean Renoir e Robert Aldrich. A fotografia mais parecia um esboço para o que seria feito por Sven Nykvist nas obras do já citado Bergman.
O longa conta a história de uma família de burgueses, o velho banqueiro que precisa deixar sua fortuna pra alguém tem 3 filhos: um arrogante e problemático, uma filha casada com um sádico cheio de si e o caçula (o único que teria condições de herdar os negócios) que é socialista e não quer herdar dinheiro algum. Como em A Regra do Jogo de Renoir, vemos o mundo burguês sob olhos severos, com suas aparências e futilidades bem marcadas. Como dois senhores sentados na fileira atrás da minha (que me irritavam profundamente com risos descabidos e altos) observaram, lembramos ao termino do filme de Festa de Família de Thomas Vinterberg, não somente pelo banquete oferecido ao patriarca (e nunca pela linguagem), mas porque temos a impressão que os acontecimentos de O Banquete são causas para os acontecimentos de Festa de Família.
Por fim, para não dizer que o filme é perfeito, a trilha (muito típica dessa época) é um tanto irritante: pontual demais, presente demais. Bem como o som, mas aí, creio, é um lamentável problema da idade da película.
A Mostra traz ainda mais 4 filmes de Hasse Ekman: Troca de Trens (1943), Andando com a Lua (1945), Gabrielle (1954) e A Mulher com Jacinto (1950). Para quem quer curtir a Mostra sem grandes dores de cabeça aí vai uma dica: fique longe dos filmes "badalados" (como os já citados 35 Doses de Rum e 500 Dias com Ela) e dos que estreiarão em breve ( como Aconteceu em Woodstock e Tokyo!). Pessoalmente, amanhã aproveitarei a retrospectiva de Theo Angelopoulos e assistirei Paisagem na Neblina (1988).

Cotação do filme: Muito bom! (* * * *)

Para quem quiser ver, ele será exibido novamente dia 04/11 às 16h no Cine Bombril 2

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